Por Alexandre Passos Bitencourt
Este trabalho tem como escopo tentar contribuir com alguns esclarecimentos sobre as mudanças concernentes ao Acordo Ortográfico de 1990, corrente desde o dia 01/01/2009, pois muito têm sido os comentários a respeito da nova ortografia, infelizmente a mídia equivocadamente tem colaborado com textos errôneos, nos apresentando o Acordo como uma unificação da língua, como se a língua fosse passível de mudança por meio de acordos, decretos ou leis. A língua: “é, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotada pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos” (SAUSSURE 2006, p.17). Ou seja, o que se consegue em um Acordo é unificar a forma gráfica da língua, o que, a meu ver é benéfico, haja vista que não faz sentido uma língua ter mais de uma grafia, como vinha ocorrendo nos países de língua portuguesa, dificultando a vida dos estrangeiros que tem interesse em aprender a nossa língua, bem como na difusão de material impresso por ambos os países. Este Acordo vem corrigir a duplicidade decorrente do fracasso ocorrido com o Acordo unificador assinado em 1945, onde Portugal adotou, porém o Brasil retrocedeu ao acordo de 1943.
Este trabalho tem como escopo tentar contribuir com alguns esclarecimentos sobre as mudanças concernentes ao Acordo Ortográfico de 1990, corrente desde o dia 01/01/2009, pois muito têm sido os comentários a respeito da nova ortografia, infelizmente a mídia equivocadamente tem colaborado com textos errôneos, nos apresentando o Acordo como uma unificação da língua, como se a língua fosse passível de mudança por meio de acordos, decretos ou leis. A língua: “é, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotada pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos” (SAUSSURE 2006, p.17). Ou seja, o que se consegue em um Acordo é unificar a forma gráfica da língua, o que, a meu ver é benéfico, haja vista que não faz sentido uma língua ter mais de uma grafia, como vinha ocorrendo nos países de língua portuguesa, dificultando a vida dos estrangeiros que tem interesse em aprender a nossa língua, bem como na difusão de material impresso por ambos os países. Este Acordo vem corrigir a duplicidade decorrente do fracasso ocorrido com o Acordo unificador assinado em 1945, onde Portugal adotou, porém o Brasil retrocedeu ao acordo de 1943.
Foram
acrescentadas as letras K, W e Y, ou seja, agora o alfabeto da língua portuguesa será composto
por 26 letras, na seguinte ordem: A a, B b, C c, D d, E e, F f, G g, H h, I
i, J j, K k, L l, M m, N n, O o, P p, Q q, R r, S s, T t, U u, V v, W w, X x, Y
y, Z z.
Nos países
que tem como língua oficial o português, a ortografia de palavras com consoantes
“mudas” respeitará as diferentes pronúncias cultas da língua, tornando, às
vezes, maior a quantidade de palavras com grafia dupla. Exemplo: fato e facto (grafia e pronúncia dupla), ação
(grafia e pronúncia única), aspeto e aspecto (grafia e
pronúncia dupla).
Substantivos
que são derivados de outros terminados em vogal apresentam terminação uniforme
em ia e oi em vez de ea e eo. Exemplo: hástia de haste; véstia de veste; cúmio de
cume.
Alguns
verbos que terminam em iar admitem variação na conjugação devido à
flexão gramatical. Exemplo: premiar
– premio ou premeio, negociar – negocio ou negoceio.
As palavras
oxítonas[1]
cuja vogal tônica, nas
pronúncias cultas, possui variação em (ê, é, ô, ó), pode ter dupla
grafia, de acordo com a pronúncia. Exemplo:
matinê ou matiné, bebê ou bebé.
As palavras
paroxítonas[2]
cuja vogal tônica, é seguida
de consoantes nasais m e n, apresenta oscilação de timbre (ê,
é, ô, ó), com as pronúncias cultas da língua admitindo grafia dupla. Exemplo: fêmur ou fémur, ônix
ou ónix, pônei ou pónei, vênus ou vénus.
Não deve
mais haver acento gráfico nos ditongos[3]
ei e oi de palavras paroxítonas, exceto os casos em que a palavra
está incluída em regra de acentuação, como em: gêiser, destróier, Méier,
etc. Exemplo: assembleia,
heroico, ideia, jiboia, etc.
Não são
mais acentuadas graficamente as formas verbais e seus derivados: creem – desceem,
deem – desdeem, leem – releem, veem - reveem, e nem o penúltimo o do
hiato[4]
oo, como em: voo, enjoo.
Exceto nos casos em que a palavra se inclui na regra de acentuação
tônica: heróon.
Não haverá
mais acento gráfico nas palavras homógrafas. Exemplo: para (verbo) para (preposição), pela (substantivo)
pela (verbo), pelo (substantivo) pelo (verbo), polo (substantivo)
polo (verbo). Exceção: pôde (pretérito perfeito) e pôr.
Uso
facultativo do acento agudo das formas verbais do tipo: Exemplo:
amámos (1º pessoa
do plural do pretérito perfeito do indicativo)
louvámos (1º pessoa
do plural do pretérito perfeito do indicativo)
amamos (1º pessoa
do plural do pretérito perfeito do indicativo)
louvamos (1º pessoa
do plural do pretérito perfeito do indicativo)
Não haverá
acento gráfico nas palavras paroxítonas cujas vogais tônicas i e u são
antepostas de ditongo. Exemplo: boiuca,
cheiinho (de cheio), boiuno, maoista, cauila (=avaro), saiinha (de saia).
Não
receberá acento agudo o u tônico de formas rizotônicas[5]
de arguir e redarguir. Exemplo:
arguo, arguir, argui.
Os verbos aguar,
apaziguar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, apropinquar, delinquir, e
afins possuem paradigma duplo:
Com o u tônico
na forma rizotônica, não haverá acento gráfico: averiguo, ague, averigue.
Com o a ou
i dos radicais tônicos acentuados graficamente: averíguo, águe,
enxágue.
Palavras
proparoxítonas[6],
cujas vogais tônicas e e o estão em final de sílaba, seguido das consoantes
nasais m e n, recebem o acento agudo ou circunflexo de acordo com
o timbre (aberto ou fechado). Exemplo:
cômodo ou cómodo, gênio ou génio, econômico ou económico.
Não se
usará mais o trema em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Exemplo: linguística, cinquenta,
tranquilo, etc. Exceto em nomes próprios.
Uso de
minúsculas e maiúsculas:
Em títulos
de livros (bibliônicos), escrever-se-á letra maiúscula no 1º elemento, enquanto
os demais podem ser escritos com minúsculas, salvo em nomes próprios: Exemplo: O Senhor do Poço de Ninães
/ O senhor do poço de Ninães, Menino de Engenho / Menino de engenho.
Nomes que
designam altos cargos ou postos podem iniciar com minúsculas: Exemplo: senhor doutor Mário Silva,
bacharel João Brito.
Nomes de
santos podem usar as duas formas: Exemplo:
Santa Filomena / santa Filomena.
Nomes de
ruas, templos ou edifícios podem usar as duas formas: Exemplo: rua / Rua do Carmo,
igreja / Igreja do Deus vivo, palácio / Palácio do Planalto.
Uso do
hífen:
Palavras
compostas serão hifenadas sem elementos de ligação, quando o 1º termo for extenso
ou reduzido, e representado por substantivo, numeral ou verbo. Exemplo:
ano-luz, arcebispo-bispo, boa-fé, decreto-lei, és-sueste, João-ninguém, luso-africano,
mesa-redonda, porta-aviões, primeiro-ministro, tenente-coronel, vaga-lume.
Exceto
alguns compostos que com o tempo perderam a noção de composição: Exemplo: girasol, madresilva,
pontapé, paraquedas e derivados, mandachuva.
Receberão
hífen elementos repetidos do tipo: Exemplo: blá-blá-blá, reco-reco, lenga-lenga,
zum-zum, zás-trás, zingue-zague, pingue-pongue, tico-tico, trouxe-mouxe.
Palavras
cujo elemento há apostrofo devem ser escrita com hífen. Exemplo: mestre-d’armas,
mãe-d’água, olho-d’água.
Será
empregado o hífen em palavras compostas sem elemento de ligação nos casos em
que o 1º elemento estiver representado pelas seguintes formas: além, aquém,
recém, bem, sem. Exemplo: além-atlântico, aquém-mar, recém-casado,
bem-aventurado, sem-número.
No entanto,
em muitos compostos o advérbio bem aparece junto ao 2º elemento. Exemplo: benfeito, benfeitor,
benquerença, e derivados, benfeitoria, benfazer, benquerer, benquisto.
Nos
compostos sem elemento de ligação no caso em que o 1º elemento for representado
com a forma mal e o 2º começar com vogal, h ou l. Exemplo:
mal-estar, mal-humorado, mal-limpo. Atenção! Se mal for aplicado à doença, será hifenado: mal-francês
(=sífilis)
Em nomes
geográficos compostos pelas formas: grã, grão, verbal ou artigo: Exemplo: abre-campo, Baía de
Todos-os-Santos, Grã-Bretanha, Grão-Pará, trás-os-Montes.
Exceções: Guiné-Bissau,
belo-horizontino, matogrossense-do-sul.
Nos
compostos referentes às espécies botânicas, zoológicas e afins, com ou sem preposição.
Exemplo: abóbora-menina,
bem-me-quer, couve-flor, erva-doce, feijão-verde, etc.
Usa-se
hífen nos prefixos, quando o 1º elemento terminar por vogal igual ao 2º
elemento inicial. Exemplo: anti-ibérico,
arqui-inteligente, auto-observação, contra-almirante, eletro-ótica,
semi-interno, sobre-estimar. Incluem neste caso os prefixos e elementos
antepositivos terminados por vogal: euro-, agro-, albi-, alfa-, ante-,
anti-, arqui-, auto-, bi-, beta-, bio-, infra-, isso-, poli-, pseudo-, Antero-,
ínfero-, intero-, postero-, supero-, neuro-, orto-.
Mas,
cuidado! Atente para os prefixos: co-, pro-, pre-, re-, pois estes se
juntam sem hífen, mesmo que o 2º elemento inicie por o ou e. Exemplo: coautor, coedição,
proconsul, preeleito, reeleito.
Se o 1º
elemento terminar por consoante igual à iniciada pelo 2º, usa-se hífen. Exemplo: ad-digital,
hiper-requintado, sub-barrocal.
Se o 1º
elemento terminar com acento gráfico, usa-se hífen: pré-, pós-, pró-. Exemplo: pré-história, pós-graduado,
pró-ativo.
Se o 1º
elemento terminar com m, n, e o 2º começar por vogal, h, m, n, usa-se
o hífen: Exemplo: circum-escolar,
pan-africano, pan-mágico, pan-negritude.
Se o 1º
elemento for um dos prefixos, ex-, soto-, sota-, vice-, viza-. Exemplo: ex-almirante,
sota-almirante, soto-pôr, vice-reitor.
Se o 1º
elemento terminar por vogal, sob, sub, e os prefixos terminados em r
(hiper, super e inter), e o 2º se iniciar por h, usa-se hífen. Exemplo: adena-hipófise, bio-histórico,
deca-hidratado, poli-hidrite sub-humano, super-homem.
Se o 1º elemento terminar por b (ab, ob, sob, sub), d (ad) e o 2º começar por b e r, usa-se hífen. Exemplo: ad-renal, ab-rupto, sub-reitor, sub-bar, sub-bélico, etc.
Se o 1º elemento terminar por b (ab, ob, sob, sub), d (ad) e o 2º começar por b e r, usa-se hífen. Exemplo: ad-renal, ab-rupto, sub-reitor, sub-bar, sub-bélico, etc.
Exceções: adrenalina,
adrenalite, e ab-rupto preferível abrupto.
Usa-se
hífen nos sufixos somente nos vocábulos terminados por sufixos de origem
tupiguarani: -açu, -guaçu, -mirim, nos casos em que o 1º elemento
terminar com vogal acentuada ou a pronúncia requer diferença gráfica dos
dois elementos. Exemplo: amoré-guaçu,
anafá-mirim, andá-açu, capim-açu, ceará-mirim.
Não haverá hífen:
Não se
usará hífen nos prefixos des-, in-, nos casos que o 2º elemento perde o h
inicial. Exemplo: desumano,
desumidificar, inábil, inumano.
Nas
locuções: substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas e conjuncionais,
não se usa hífen, exceto alguns usos já consagrados, como: água-de-colônia,
arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
Locuções
substantivas sem hífen: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar, pau a pique,
boca de fogo, etc.
Locuções
adjetivas sem hífen: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho, à
toa, etc.
Locuções
pronominais sem hífen: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja.
Locuções
adverbiais sem hífen: à parte, à vontade, em cima, de mais, tão somente,
etc.
Locuções
prepositivas sem hífen: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, etc.
Locuções
conjuncionais sem hífen: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que,
etc.
Nos casos
em que o 1º elemento termina por vogal e o 2º inicia por r ou s,
deve-se duplicar essas consoantes. Exemplo:
antessala, antirreligioso, contrarregra, cosseno, minissaia.
Com esse
acordo, serão resolvidas as diferenças ortográficas que existe entre o
português do Brasil e o de Portugal, em aproximadamente 98%. As alterações da
unificação na forma escrita serão de 1,6% em Portugal e 0,5% no Brasil, além de
Brasil e Portugal, mais cinco países da África adotarão as mudanças. Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Compondo uma comunidade de mais
ou menos 200 milhões de pessoas nos três continentes que tem como língua
oficial o português.
Segue alguns links para quem quiser se aprofundar melhor no assunto:
Segue alguns links para quem quiser se aprofundar melhor no assunto:
Portal da
Língua Portuguesa
Wikipedia
Academia
Brasileira de Letras
Comissão de
Língua Portuguesa
Diário Oficial da União
MINUTA DE DECRETO
Referências:
CUNHA, C. Nova gramática do português contemporâneo /
CELSO CUNHA & LUÍS F. LINDLY CINTRA, 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2001.
Dicionário
escolar da língua portuguesa / Academia Brasileira de Letras, 2 ed. São Paulo: Companhia
Editorial nacional, 2008.
MEC se prepara para a
unificação ortográfica da língua portuguesa. Disponível em: ˂portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=8276˃.
Acesso em: 29 dezembro 2011.
RYAN, M. A.
Conjugação dos verbos em português,
17 ed. São Paulo, Ática, 2007.
SAUSSURE, Ferdinand
de. Curso de linguística geral,
27 ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
[1] quando o acento tônico recai na última sílaba. Exemplo: material, café.
[2] quando o acento
recai na penúltima sílaba. Exemplo: barro, poderoso.
[3] é o
encontro de uma vogal + uma semivogal ou uma semivogal + uma vogal na mesma
sílaba. Exemplo: qual.
Sobre o autor:
Alexandre Passos Bitencourt, professor. Licenciado em Letras Português/Inglês. Graduando em Pedagogia. Gosto de ler e tenho traçado uma luta constante com a escrita, mas tenho sido vencido.
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